24.12.09

pescador lança rede que ela costura





Galera

10.12.2009

18.12.2009

24.12.2009










no muro da casa que moro

22.12.09

eronasal, with Lígia

my nose is bleeding love


20.12.09

Finitude


Por que a angústia nesse céu tão nublado?
Se lá alto no além a distância é a mesma

Tão distante quanto a sensação de se ver refletido em alguém
E querer ver mais e não poder
Que as distâncias podem ser infinitas, mesmo com tudo tão perto

No chão que nos sustenta, nas almas em deserto


(original de 2001)

15.12.09

Auto-motivos


Afunda o pé no acelerador,
Acelera simplesmente!
Até voar bem alto,
E mergulhar rasante e rente.

Ou suspende o movimento
Para, breca tudo!
Que mulher maravilhosa,
Que motorista vagabundo!

Agora desliza nessa curva,
Atravessa a avenida,
Entorta mas não cai,
O corpo dança na pista.

Avança novamente na noite de graças,
Do raiar do dia até a despedida.
Atenta para todos os momentos,
É som ou silêncio: mistério da vida!

14.12.09

Fome de beleza


Descobri recentemente
Que me atormenta certa idéia de beleza.
E tive isto tão consciente tão claramente,
Que foi como um ovo frito!

E pra deixar bem clara a analogia,
Arrisco e palpito:
É sol a lua que brilha
Quando a galinha solta o ovo.

E veja bem que harmonioso:
Quando nasce o pinto,
Quando morre o frango ou quando o ovo frita,
Começa tudo de novo!

13.12.09

Saudação à roda


Salve os trovadores
Da metalinguagem
Histórica e de meu tempo.

Viva Chico Science,
Viva Lenine,
Viva grande Renatão!

Viva a energia da matéria pura
E da atividade criativa.
Toda ação cria o bumerangue.

Salve os cavaleiros do mangue,
O veneno da lata,
A saudosa Itaquera.

Saravá Baden Powell
Cantando o Samba da Benção,
Saudação ao guerrilheiro do verso certeiro Bnegão!

Sarava a todos os manos e todas as minas,
Águias que voam na selva de pedra,
A juventude que supera qualquer sina.

E o povo juntará as mãos
e fará sua roda novamente,
os pés no chão, e pés na terra.

Girando, avante e em frente!

11.12.09

3 sky fly


Como é bom empinar pipa de tarde,
Menino lá, molecada vadia na rua que venta:
Olhando pro céu, jogando bola,
Correndo a tarde inteira,
Com o pé no asfalto.

Empina pipa e ele é a pipa lá no céu,
como quem voa.

...

Quando vejo as pesadas nuvens no horizonte
Da terra me sinto como num imenso e redondo aquário,
Navio de peixinhos.

...

PIPA

Carretel de nylon
Rede de Indra
Fio da vida

Lembranças do cárcere


Uma vez quando era bem pequeno,
Três anos no máximo,
Estava a sós com uma mulher que cuidava da casa,
Carmelita!

E eis que a cuja,
Não sei por que cargas d’água,
Me tranca no quarto de janelas fechadas,
Em plena tarde ensolarada.

Pra mim, um cototó branquelinho,
de óculos e cabelos pixaim enroladinho,
era inconcebível, por exemplo,
acender a luz do quarto em plena tarde ensolarada.

Estava preso enton,
Sufocado num quarto escuro com frestas de luz dourada.
Gritei, chorei, esperneei, caguei no chão, pisei e andei,
A dita cuja nada!

Foi minha primeira solitária.

Outra vez, já adolescente pródigo,
Me vi cercado por um banheiro escuro,
Num hotel de fim de mundo,
Um pé de chinelo liso e tinha acabado a cocaína.

Essa foi minha segunda solitária.

Já a terceira não é minha,
mas sei que ocorreu, ocorre o ocorrerá,
potencialmente a todos que andam por entre
o dança entre o bem e o mal.

Pois lá está ele, o velho revolucionário,
O mártir desavisado,
O engajado herói,
Mesmo os piores assassinos e ladrões.

O corpo fechado.


10.12.09

O suicida tragicômico


Tomou vitamina C em grandes quantidades,
Doses quiméricas,
Achando ser remédio tarja preta,
Ou antidepressivo.

Queria mesmo o fim pelo meio e,
Em vez de morrer,
Sarou de tal gripe de amor,
Que ao final deu até um sorriso.

Dilema de um Onívoro


“Olha lá a plantinha nascendo na calçada, coisa linda!”
Vai o outro e chuta.

Tenho dó da plantinha que se foi,
Mas esqueço dos boizinho, das vaquinha, dos bezerrinho,
das galinha, dos franguinho, dos peixinho...
Dá um grito! Vira os olhos, a língua também,
Baba sangue,
Que têm que sangrar direitinho,
tirar as tripa tudinho, sangrar bem direitinho,
lavar até o cuzinho, de de dentro pra fora, de fora pra dentro,
exalando a maresia da paixão:
Pela carne vivemos, pelos ossos morremos,
e vice e versa.

E a gente ainda reclama que fica preso no trânsito,
no metrô, no trem, no ônibus,
Igual a uma cobra presa no buraco!
E o rabo preso então, maculado caminho.

Porque se eu virar vegetariano
vou ter que comer a plantinha que nasce na calçada...

9.12.09

by Danilo



"Que tua mente e teu suor te lancem ao infinito distante,
e que tua força reflita nos corações de quem lhe vê.
Sorte e Paz, meu caro amigo."


vai e volta inusitado



tiro certeiro no horizonte reto
um momento em três mil
espaço curvo e aberto


olhar febril,
navio que procura farol,
coração em deserto

ah palavra bumerangue e sina,
voz no ouvido, bem perto,
e eis que a mente se ilumina

e de tanto dar com a cara na parede,
nos passos de formiga em que a humanidade persiste,
Vida agora dobrando a esquina



25.11.09

Dedalha na gatilha



Billy the Kid? Não não não,
Billie the Girl!


Yes, tipo Billie Holiday, yes Billie Jean, Edith Piaf yes, no holofote ou no subúrbio,
Salve grande Elis, salve grande Cássia,
Dona Ivone e Lara, de pé no chão,
A princesa Dragão e as dez filhas-demônios, devotas do Buda,
Iemanjá e Iansã, dançando a natureza.


A galega minha mãe, primeira deusa,
As caboclas minhas vós, deusas ancestrais
Todas as mestiças do meu Brasil varonil!
Mulher brasileira, broto da juventude humana!


As preta véia tudo com seus olhos de estrelas,
As batchan com o gohan na mesa,
Pele de árvore, pele de pedra, pele de mármore
Tipo mama África,
Assim mama Gaya!


Ele lutar com ela é virar queijo suíço,
Na certa um tiro no próprio pé, ou no próprio umbigo!
Salve BNegão!


Quando ela passa,
É a sombra da águia,
O som da água
O olho da onça!


Quando ela passa, eu nasço, vivo e danço.


23.11.09

nós mesmos


Na imensidão do mundo e dos universos,
Das estrelas majestosas da visão
À velocidade ascendente do espírito.

Em meio às tormentas seculares,
À densidade dos ruídos, multidões.
Ouvindo tantas línguas e vozes,
Escuto nítido som.

Uma voz pura e sincera me chama,
Para o alto e á frente”!
Emergida da terra me chama
Para um jardim.

Lá vejo o mar de flores,
Que sinto no coração.
E tu, ó amada, me diz sincera:
É nosso! Para todo o sempre é nosso!

E assim de mãos dadas caminhamos,
Valentes e devotados à dádiva da Terra.
 

Abertura


Na Chave de um poema
O desejo e a reflexão
Tilintar do silêncio, e o pulso.
Tudo o que passou, o que será,
E o que é.

Também uma ponta de solidão,
Na ponta do iceberg.

Os segredos abertos das flores,
A lonjura e a imensidão das estrelas,
Pequeninas.

Nós também pequeninos,
Menores que as formiguinhas.
E a possibilidade de um coração
Mais vasto que o céu.

para Evas
 

13.11.09

um dia de novembro




Eros e Tanatos
13º Sarau da MATILDE, sexta feira 13! novembro de 2009



Essa única essência tu tocas,
Em tais palavras que te olham,
E se oferecem.

Nosso refúgio é sagrado,
Tão simples quanto a grama nascendo;
As folhas que caem aos ventos,
Os brotos de novo a coroar as árvores.

Mas até onde vai tanta ousadia,
Ó juventude?
O desejo não cessa, só retorna.
O eterno retorno.

Somos tantos num só que é sempre um mistério:
O momento da partida, o novo herói.
O nascer e morrer dos seres,
A cada instante sublime.

Brinquedos de caos em eterna formação:
A certeza e a necessidade do sol.
A transmigração da lua em fase articuladas,
De brilho, esplendor e escuridão.

A vista das cidades segue longe,
Em horizontes em fuga, a dança da lua à luz-lança:
Palco de dramas de um coração vagabundo,
Sempre em busca do espírito altaneiro de si mesmo.

Quantas vezes mirei lua com o olhar?
Quantas vezes olhei pra lua em desejo a ti?
No fundo só quero a ti,
Maravilhoso desejo de vida.

O sorriso da criança,
A satisfação do trabalho,
A beleza tua, ó mulher,
És incomparável!

A passos lentos caminha firme o mundo,
Giras no espaço incansável Gaya, terra de mares.
Desde que toquei seu corpo tenho despertado para ti,
Para tua voz e tua dança e tua arte;
Te percebo em muitas, infinitas personalidades.

Os encontros e desencontros levo embora todos,
Amarrados numa rede.
E a jangada segue pelo mar,
Conduzida sempre por quem sabe guiar.

10.11.09

fluxo e desejo



Fogo que respira mergulha na terra,
é assim que giras!

9.11.09

Neruda



Cuando yo muera quiero tus manos em mis ojos.
Quiero la luz e el trigo de tus manos amadas.
Pesar uma vez más sobre mi su frescura,
Sentir la suavidad que cambió mi destino.


5.11.09

2-4-3-3



Entre os fluxos dos dias, vivemos
As aventuras e o mar da vida.

Não que seja sempre graciosa, ó vida,
Como o é a criança.
Mas sempre emocionante:

Os desafios da juventude.

E então ver o mar do céu,
Eu deslizando e avançando
Contra os ventos cortantes.

Ao longe a terra, que se aproxima.
Na curva do horizonte,
O grande navio gira.