31.12.13

Múltiplo G


Gozou tão gostoso
Que deu até uma gargalhada!

Da mesma alegria chorou ela
Pingando gotas de garoa

Tarde de verão em Paulicéia

30.12.13

Estandarte nu


Transbordamento de tabus
desde as esculturas clássicas,
pau pequeno, quase infantil de Davi,
mas isso não tem nada a ver com Exu

(ou Priapo, já que nu é um palíndromo diagonal)

O pinto está para a xoxota
assim como o caralho está para a buceta
E onde que tá o pau”?
O pau tá na xota”!

Dá um chêro numa xereca
cuzão já é treta

(outros modos e similares também se aplicam)

Uma orgia, hermafrodita,
colar o velcro,
dupla pica!


Master of ceremony


Não interessa! Ritmou um componente, musicou a vida!
Tiozin, tiazin, baixa as bola e bate palma pr’artista vai

Até a guerra fica bonita com as trombetas do apocalipse,
300 de Esparta que o digam!
(na hora mesmo é só os baque de ferro em corpos de carne)

Cataclisma é pra quem morre, vida é pra quem fica.
Cruel, não!?

Se não fosse a arte, o querer-saber encantar, isso aqui já era Marte!

para Valesca Popozuda e Eduardo Bajzek

29.12.13

Gaguejar


Epistemologia, da palavra
uma expressão à qual
o epíteto sempre me trava

Do sul, Américas


LISARB – BRASIL – ANAGRAMAS

SALRIB (onde o ribeirão encontra o mar, água doce-salgada, agridoce céu da boca)

LISARB (Lisboa Arborescente, mais-valia Pau Brasil, tantas plantas mais)

A passagem de Kronos, o nome que lhe deram, ou os nomes que lhe dão, vou chamá-lo de Macunaíma, bater o cartão, a hora da novela, deus ajuda quem cedo madruga, o apito da fábrica, a ambiguidade do crepúsculo, toque de recolher na favela, que preguiiiiiiiiça...

Ama o Brasil, aquilo que é brasileiro. Quando a gente ama não tem erro, Amor é Roma, amar é rama, mas quem ama no presente contínuo é palíndromo. Amor caleidoscópio, envolvente colcha de retalhos.

O caminho do guerreiro, o mundo dos negócios, e viva o espetáculo! (Um minuto de silêncio). Territórios incrustados, a Terra de ninguém. Coração navio pirata, pedaço de madeira ao náufrago em mar revolto, as ondas e o cais.

A Oca é morada de corpos milenares, hoje denominados indígenas, mas o Brasil é uma cerca oca, recheada de um povo informe, múltiplo e variado.

O Brasil é língua pátria, Patativa do Assaré, onde se ouve o canto dos sabiás. Português brasileiro, ou deveria ser português-africano... indígena? Mas os troncos linguísticos indígenas também são muitos e variados...

Ainda mais quando se fala de esportes, de artes, de política, da perícia dos indivíduos marcantes e coletivos diferenciados, nos iluminam, afetam e contaminam, síndrome de Policarpo Quaresma. Amar o Brasil é o começo, ou o que nos resta?

Ainda ecoa a voz amarga na terra amada, “ame-o, ou deixe-o”!

soundtrack: Tempo Perdido, Legião Urbana



jogo de filacantos

28.12.13

Rosas dos ventos


Fruindo teus traços
Do compasso andamento
Olhar que divaga
As músicas da visão

funny life
beautiful girls
makes me happy

para Nayara de Deus e Liliane Ribeiro

27.12.13

Devir-cocô


Senta na privada para cagar: abre a revista, lê um livro, faz as unhas, bola e fuma um cigarro, dorme. Fica lá sentado duas horas (e não dois p): uma pra cagar efetivamente todos os troços, ainda que saia uma peça única, ou mesmo que não saia nada, outra para usufruir do relaxamento propriamente, botar para fora os excessos, privada-divã, aquela máquina-curagem que destila a merda com água, e as articula com a bunda, as nádegas, o ânus, literalmente tornar-se um com a merda. Nem cagar de pé, em posição de “cavalo”, nem de cócoras, como fazem os cachorros, os gatos e a maioria dos mamíferos: nunca sentar foi um ato tão subversivo, sentar-se como uma abelha na flor-nenúfar, como um rei no seu trono particular.

24.12.13

Gelada Passárgada


No suor da saliva
a boca que estala

Do predador à presa,
a beleza da fome,
a vida que passa

Boca sêca
Líquida boca

Na hora do bote,
quente sangue que vaza,
quando o tempo se esvai

só lembre-se que o "resto":
é todo um continente:
não subestime a Antártida!

Afinal, pinguins também amam baby

para Juliana Garcia

23.12.13

do discurso indireto


Eu prefiro falá gíria,
conversá animadamente,
sem me importá muito se A é f(x)²
ou se B tangencia o círculo y
e literalmente sai pela tangente

Só esmiúço o pensamento sob necessidade premente
e/ ou com o mínimo de intimidade

(o vagão cheio nos ensina que nem toda intimidade é conveniente,
ou nem toda proximidade implica em intimidade,
os corpos tão juntos, será mesmo?
Da intimidade de se compartilhar cheiros, por exemplo,
trocar olhares, contatos transgêneros/icos, puros contágios)

e, provavelmente, por mais que fale a respeito,
o assunto nunca estará encerrado

20.12.13

J’adore

  
Tempo tão curto
Meandros e falanges

ver, sua presença,
me mostrar,
máquina da paixão fudida

nesse ponto magnânimo,
em outros olhos de revés,
e vejo tudo pelo avesso

Adoraria desconfiar,
mas sou muito encabulado

Toda via a vida cobra,
a vida nada,
a vida voa,
a vida águia,

Descendo a ripa por várias frentes
dobra o pinheiro ao vento,
em meio à tempestade

18.12.13

Conversa de butequim


Papo reto
linhas tortas

o foco embaça
o conjunto abraça
o tempo acaba

ficar ruminando
esmiuçar a visão

as verdadeiras drogas
são programas piratas

para Daniel Trigo

Game Over Options


Eu prefiro morrer assim ou assado
E quem disse que você pode escolher como e onde quer morrer?

Bom, se for um suicida,
será seu último privilégio

Se for um guerreiro, e a vida luta,
 com certeza tu morrerás no campo de batalha,
em meio ao combate

Se tu és um semeador,
tombará sobre flores,
ainda que se perca no deserto

Da forma que tu crês no além-morte,
ficas tranquilo, se concretizará,
mesmo que tu não se lembres

Será tua partida, e não haverá filmes,
somente um The End,
le  grand finale,
mas pode ser que o filme acabe no meio

Com sorte uma música tocando,
talvez um violocenlo,
e a ti embale tal qual colo de tu madre

Mundo animal


Ontem um rapaz ingênuo,
hoje talvez ainda um tanto,
gradativamente entrou na selva,
no formigueiro, na colmeia,

de uma vez primeira,
pulou no abismo várias

Caçou borboletas desajeitadamente,
e já com mais esmero
desenhou beija-flor, onça, insetos

Mas um lobo nasceu dentro de mim
cheio de picardia e promiscuidade,
fera beleza de força e fragilidade,
sombras, espectros e alcateia

Ele vem sorrateiro, e de repente toma conta,
dentes na garganta, boca no pescoço,
sangue na boca

Não sei ao certo o que aconteceu pra esse lobo aparecer aqui,
meu interior parece mesmo um zoológico,
as jaulas por romper, a rachadura na represa,


o bote da presa, o extravasamento,
palavras por dizer, que não ficam contidas,
de lobo grito preso livre uiva
à lua o som da luz do sol

com Lilian Guedes

17.12.13

Banalidade


Uma caixa dentro de outra
Pandoras
por fios condutores ligadas
no espaço esticadas ondulam

Amplificadores?
da casca dentro o sumo
sabor de caixa preta
 Idade das bananas

para Juliana Mendes Svete, De Chirico, Wendy Cope, Kurt Elling e Vilém Flusser

Influências


Sugestão
Combustível
Polêmica

Inflar
de ar
um copo vazio
o corpo macio

Amalgamar
Amar algas e o mar

para Mariana Puglissi

16.12.13

Batatinha quando nasce


Espalha rama
Esparrama
Se espatifa
Pelo chão

Batatinha quando nasce é samba boêmio
Noite estrelada no céu da Bahia
Noite Ilustrada em Minas Gerais

Implacável força da gravidade
planifica vital condição humana
Nos consome o tempo
e a vida consuma a queda

o salto no vazio
profana merda
“Ensaio sobre a cegueira”
o leite que derrama


Agir poesia


Graça
Humor
Sentidos
Intuições
Astrologias
Sentimentos
enfim

A glória e a sina

15.12.13

Rostidade


Se a paixão é tempestade,
sou o rei do trovão
amigo de Zeus e Xangô

Ao mesmo tempo aquele que morre,
chuva ácida derramando,
atingido por raio fulminante

A paixão goza, sangra e foge,
Irriga a terra, água doce, rubra pedra,
Fumegante sacrifício de carne,

O sangue puro amor,
benfazeja fome e delírio,
se a paixão é tempestade,

eu sou Deus
e sou martírio

para Erika Ruther, Marie Curie e Júlio Medem


De hoje em diante


Esquecido o Ontem,
talvez superado,
na parábola ascendente
a queda é inevitável

Ou haverá encantamento?
Ainda que à rota traçada,
Amanhã é o dia do desconhecido

Amanhece, Amarillo

13.12.13

Vida de Pirata


o amor é sempre
uma arca de tesouros
Amores

E a aventura de encontrá-los
Caminhando terrenos inóspitos
à liberdade de navegar

Grande ironia
Para o náufrago o mar
é o que há de mais árido

Territórios vastos
Espaços ritualísticos
Renascendo outros
Todo dia

para os Mugiwaras
(麦わら海賊団, Mugiwara Kaizoku-dan, Piratas do Chapéu de Palha)

Dia à nanquim


Black Friday?
Black Panthers!
Black Blocks!
Black cats!

Mandela é zica tiozin,
é pane no sistema!

Milton Santos é quem mostra o futuro
Darcy Ribeiro é índio, Dorival é poeta
Exu veio com eles, todos os outros
Eu vim de outros lados também
E a eles me juntei

Sexta feira 13, 2013
no bico do corvo,
na boca do lobo
a febre do rato

in the jungle sou rei

12.12.13

Gotas de garoa


O céu balança lá fora
Raios solares
Noites de amor
Água e sal
Nuvens marotas

No mar a jangada balança
Vênus em Libra
No meu coração mora uma garota
Garotas

A clue


Aos juízos da antiprodução renuncio
Renuncie, renuncia
renunciamos, renunciais, renunciam
renúncia

desconfio silenciosamente
desconfia desconfie
pague a fiança

em ressalvas autistas
à hiperatividade cinética

procura sorte
respira vida

dá um grito
uma pista
uma dúvida

Exit
Saída

Rio reverso


escrevo e tu lês
nos vemos do avesso
o que tu escreve

nu atravesso
a nado o deserto
o preço que pago

meu corpo te oferto
esse poço de histórias
pequeno universo

Sussurro avesso


Quando eu disser fogo, entenda eletricidade
Queime o dedo, leve um choque

Quando eu disser fogo, mergulhe
Se eu disser eletricidade, leia água

Quando eu digo água, dance chuva
o giro da lua entre as marés

Quando eu disser lua nova, veja estrela
Se nublado, brilha nada

Olha a guerra e vê desejo, desespero
Particípio, contamina

Parte do princípio de que vai partir
Olho nos olhos e vejo alma

Vulcões tempestades raios e trovões
Um dia de sol, o vento forte, uma noite gelada

E ao me abraçar, se a pele fria
Saiba que por dentro estou intacto

voo águia, rastejo cobra
morro gente, nasço mato

9.12.13

Dragonball


Os segredos do mundo
Desvendá-los um a um

"Vou morrer e não vi tudo"
Morrer tentando

Apreciando a beleza
De uma tarde celeste
De um cangaço do agreste
o dia nunca se repete

Kame hame HA!
Estilo Genki Dama!

o KI te mantêm em equilíbrio
 também todos à sua volta

Uma esfera múltipla reunida
Luta, come, e arrota
com os amigos é melhor
tem hora que é sozinho

para Cláudio Abbamonte, Goku e Monkey D. Ruffy

A carpa e o dragão


Isso é Peixes.
Diga-me o que significa?”

o Q significa
o Q dá nome aos bois

Ken é o homem da segunda base?”
"Em Passárgada sou amigo do rei"

Em Arcádia, Atlântida
O sertão vai virar mar

Isso é Peixes.
A adaga do poeta é a pena
Tempestades, do céu a espada

Terra grande
Vida pequena

água benta
vida maior

Para Bianca Magalhães

A pedra do' sonhos


apesar da gravidade
da ausência de asas
todo salto tem, embutido,
a possibilidade do vôo

contra a inevitabilidade da queda
como cai o gato, o badass morre ereto
questão de princípio
à despeito da balística

Davi e Golias
um tiro na cabeça
uma bola no pé
um pulo no abismo

Cadência


A vida é um samba
o Tema, ela
Enredo molecular

A rua calçada
buteco quebrada

Esquina da passarela
meio fio encruzilhada

para Valleria "Magrela" Lauriuty e Claudinho de Oliveira

Priapo à revelia


O corpo cobra
Víbora águia
o corpo grita

vibra
goza
 jorra

O corpo ri e chora

sangue
suor
lágrimas
pus
e bosta

vida boca ao rabo
viagem só de ida

Da cobra ao buraco
a fuga, esconderijo
Vanitas armadilha

O nenê e a caveira
O jogo e a partida

Memento mori?
au contraire
Celebração da vida!

6.12.13

Mandiba


Aquele brilho nos olhos
no semblante do sábio idoso
Já foi o sangue nozóio
na face de um jovem valente

Sapiência
a cara a tapa
mandinga

Santo forte
cidade baixa
valete de espadas

para Nelson Mandela

26.11.13

mudo, além


Saudade é mato
novidade também

Coração é mundo
vale o que vive

Terreno baldio

para Marina Panzoldo Canhadas

24.11.13

O céu que nos protege


Lareira
abraço
desejo
desenlace
aurora

fagulhas centelhas
brasa de carvão
dentro do quarto
chaminé
mundo afora

para Cesare Pavese, Bernardo Bertolucci e Mariane Bô Bonarde

22.11.13

De novo


Caminhos interrompidos
Vira à esquina
Até o alto do morro

Descendo a ladeira
Montado em rolimã
Buraco no peito

Outras frestas abrindo
Gravidade diversão
Assovio de vento

Céu infinito

21.11.13

Destemor


i'm afraid off
love noth'
ground zero

Pelada


Delineantes arcos
dos pés aos olhos
passeio ao gol
jogo de mistérios

Mais redonda que uma bola
Gordinha mesmo,
Cheia de curvas,
Só ela

mulher

Luti noBot


Uma certa revelia, rebeldia, preguiça mesmo, de cumprir certas etapas, premissas, protocolos do processo civilizatório, (produtos embalsamados significantes emaranham congelados) coisa de Macunaíma, Zumbi versus Zombies, Saci Pererê versus Halloween, (WTF! what the fuck is that really anyway?), a língua do imperador, palavra de ordem uniforme, linguajar cantar metáforas outra sorte, gingar gírias, tomar um chá, cerimônia, embalar a rede, suco de limão, preguiça mêmo, desacentuar as idéias jamais, universo em desencanto, liberdade é vai e volta, felicidade leva e trás, saudades, mar e cais, crustáceos, tubarões, estrelas marinhas, plânctons, Netuno no sistema solar, a lua que move as marés, embarcações do cais partem, aos quais retornam, amor de marujo, morrer no mar, no rio Amazonas, AmazON, AmazOFF, sertões desertos, (where’s the proof?), o que se prove, que provêm, o que nos basta


(brigando com o Word porque "ele" quer desacentuar minhas IDÉIAS! jamais farão, nem que eu tivé que editá no photoshop)

18.11.13

A lagarta e a borboleta


Viagens e livros
foras e dentros
soluções diluídas

em líquidos concentrados

frestas e fugas
corpos vorazes
cósmico preciso

amor líquido

coração em pedaços
atmosfera rarefeita
asas ao vento

para Ricardo Teco Almeida, Franz Kafka, Marcopablo Vitorino e Zygmunt Bauman

12.11.13

ins Pira


musas pele de ébano com o brilho da noite
musas claras um dia de sol
musas rosadas a essência da flor
a beleza da guerra

saudade da dor
de cegar

nuvens