27.12.13

Devir-cocô


Senta na privada para cagar: abre a revista, lê um livro, faz as unhas, bola e fuma um cigarro, dorme. Fica lá sentado duas horas (e não dois p): uma pra cagar efetivamente todos os troços, ainda que saia uma peça única, ou mesmo que não saia nada, outra para usufruir do relaxamento propriamente, botar para fora os excessos, privada-divã, aquela máquina-curagem que destila a merda com água, e as articula com a bunda, as nádegas, o ânus, literalmente tornar-se um com a merda. Nem cagar de pé, em posição de “cavalo”, nem de cócoras, como fazem os cachorros, os gatos e a maioria dos mamíferos: nunca sentar foi um ato tão subversivo, sentar-se como uma abelha na flor-nenúfar, como um rei no seu trono particular.