25.6.14

Pequenos encontros anônimos


Indo cada qual ao seu destino, cruzariam com o outro, numa rápida passagem pelo mesmo caminho. Fresta, elo, calçada, corredor, labirinto? O fato é que, pouco antes de se cruzarem, surgiu a dúvida sobre qual desvio tomar, esquerda ou direita... Eis que, olhos nos olhos, intimidade resumida àquele passo de dança torto, dois pra lá, dois pra cá...

Andavam na mesma direção, às luzes da noite, um atrás do outro, inexpressivos, mas as sombras cruzando uma sobre a outra...

Olharam-se e apaixonaram-se mutua, terrivelmente, no breve momento em que dividiam o mesmo destino, sem dizer uma palavra...

4.6.14

Pequena história pra boi dormir


Mãe Dilná, formiga rainha de um país fantasioso, quando via que seus filhos peraltas “não fugiam à luta”, esbravejava em ondas televisivas de rádio peão:

 – Podem brincar, mas protestem em paz! Senão desço o cacete, ponho de castigo, e vocês não vão poder assistir à copa, DUAS VEZES!

Ao que os filhotes, lacrimejosos, assentiam, ainda que contrariados...

MAS, insubmissos, assim que mamãe virava as costas, voltavam a brigar, farrear e viver como melhor lhes apetecesse, entre as ripas, lidas e labutas diárias que punham a funcionar o célebre e indigesto formigueiro.