28.1.15

Totalitário, vai Brazil!

Teoria da conspiração do dia:


A falta d'água vai gerar uma louca demanda por caminhões pipa, o que por sua vez vai girar a indústria do petróleo, sem por em xeque a agricultura de exportação e demais mazelas!

As roupas de Jorge


Chinelão
Bermuda
Regata

Boa disposição
 e um Patuá...

para Fábio Ucella

Quebra de página, do Word


Maldita tesoura ferramenta, e fermento
Instrumento, interruptor do fluxo excremento
Contínuo da língua, texto escrito e pólvora
Costura e lamento

desejo de prosopopéia


"Ah se meu fusca falasse..."

24.1.15

À noite, todo gato é pardo

 Pequena nota sobre a Ditadura atualizada, escamoteada na dupla isenção (legitimação do discurso) entre mídia corporativa e polícia militar. Sobre o anti-carnaval e o super-bloco de rua: a antítese do pensamento único do espectro da câmera da TV, um registro oco e mal contado, contra uma vivência rica, participativa e protagonista do fluxo de cidadania urbana.

Vejo uma reportagem (cobertura + edição) da funesta emissora Record de televisão (parte de um grande lobby evangélico) sobre a manifestação de ontem contra o aumento da tarifa no município de São Paulo (23/01/2015). A manchete da reportagem: “policiais foram flagrados usando um skate para agredir um manifestante[1]. Como participei do ato, chuto presença de 10 mil pessoas (100%), que iam e vinham conforme o deslocamento da marcha. O ato contou com pessoas de vários segmentos sociais e das faixas etárias mais variadas, ainda que com a predominância de jovens (18 a 25 anos). Chuto ainda a presença de 100 "black blocks" (1%), entre punks, heavy metal e policiais infiltrados (P2)...

Nesse contexto, chama muito a atenção justamente a edição feita pela citada emissora. Começa mostrando CENAS NOTURNAS de uma pequena guerra civil, onde uma polícia "acuada" (que antes havia margeado o ato inteiro, pela frente, pelos flancos e por trás), utilizou-se desse ou daquele armamento para dispersar a MULTIDÃO. Logo na sequência, a já dita manchete, de 1 (UM) Black block apanhando do seu próprio skate, numa rodinha de cerca de 8 (OITO) policiais. Arte marcial? TRETA DE RUA MANO!

Cortando para o conjunto da manifestação (3 mil pessoas, segundo a PM) praticamente só gente vestida “a caráter” (edição= corta e costura): estandartes e acessórios pretos, mascarados, a narrativa enfatizando o “pânico” instaurado:  a queima de uma bandeira do Brasil - crime previsto em lei, e o vandalismo sórdido da quebra de algumas vidraças de agências bancárias (grandes devedores de impostos), à famigerada conclusão do ato, COM VÁRIAS BOMBAS E TIROS distribuídos pela polícia. “Mexeu comigo é só tiro porrada e bomba![2]

Na segunda parte da reportagem, mostra-se o começo da manifestação, à tarde em frente ao Teatro Municipal que, organizada pelo Movimento Passe Livre, ritualizou o ato com a queima de uma catraca. Como ainda é dia, vê-se o rosto de todo mundo, as cores não são predominantemente preto, mas vermelho e amarelo de tecidos e todo tipo tom de pele. Segundo a emissora, o dito confronto, teria começado cerca de três horas após o início da manifestação que “por onde passou, deixou um rastro de vandalismo e sujeira”...

Ora, A linha narrativa dessa edição, que espetaculariza e enuncia uma significação para o ato, estranhamente prefere contá-lo ao avesso, começando por um fim perverso, indo para um começo insosso e indiferente, e simplesmente ignorando todo o processo da manifestação, ou seja, as três horas de marcha em si. Pois bem, que se registre apenas a multiplicidade de gente andando junta, batucando, cantando e conversando os assuntos mais diversos possíveis. Da grande beleza que é andar e estar junto no centro histórico de uma ci-densidade como São Paulo, “terra da garoa”.

Pois que se registre que essa marcha, que saiu do Teatro Municipal, avançou pelo Viaduto do Chá, exatamente uma semana depois de ter sido escorraçada pela polícia em ato da mesma natureza. Registre-se que, tendo avançado pelo viaduto, atravessou o vale do Anhangabaú, o vale do rio escondido por um túnel, escondido por um parque, o espaço da cidadania por excelência em contradição com o espaço da divindade, o maléfico Anhangá. São Paulo não conhece limites em lidar com seus desejos, sua sede e suas contradições. São Paulo de Piratininga, Terra do Peixe Sêco.

E registre-se que, tendo “perdido” batalha também após grande marcha, grande pequena história ignorada pelos bustos do corporativismo, tal marcha voltou a se reunir, traçou caminho e bateu o pé. E bateu tambor. E virou as costas ao prédio da Prefeitura, legitimação do poder instituído do anarco-capitalismo de Estados (divisão internacional do trabalho) das famosas e moribundas e exclusivistas PPP – Parcerias Público Privadas, um partido no qual todos, absolutamente TODOS, participam, seja para ser protagonista, seja para ser excluído...

Mas registre-se e acentue-se o negrito de que tal marcha virou às costas ao poder instituído, ao menos por hora, pois como se viu os difamadores oficiais contaram de antemão aoesperada desejo da marcha, que tendo dado a volta no centro, sempre cercada pela polícia, justamente queria atacar a Prefeitura “por trás”, veja só que maldade. Por outro lado, a mesma volta fecharia um ciclo, cheque-mate, e isso o poder do pensamento único não tolera, nem em ato nem em poesia, pois se o ato é impedido a poesia não pode ser manifestar. Engana-se muito o poder instituído...

Tendo pois dado as costas ao poder instituído, a marcha avançou decidida pela Praça do Patriarca, sob seu grande pórtico voador – grande ave empoleirada estrutural, sua pequena igreja de Santo Antônio, seus arranha-céus, um deles inclusive ocupado por pessoas que reivindicam o direito à moradia, mas isso é outra história.

E registre-se sobretudo que a Marcha, esquerda da gema, radical, “a la sinnistra” – “vai Carlos, vai ser gauche na vida[3].  avançou pela Rua Direita, virou no Largo da Misericórdia, Rua do Tesouro, e desembocou na Quinze de Novembro, dando de cara com o “Pateo” do Colégio, São Paulo colonizadora por excelência. Avançou pela Quinze, virou na João Bricola, passou pela Praça Antônio Prado, foi pela Boa Vista e foi virar lá no Largo São Bento...

E que se registre-se e louve-se em vindouras contações de histórias que, entre a Rua Quinze de Novembro e a Rua do Comércio, quando a Marcha margeava o Largo São Bento, na terra da garoa caiu O MAIOR TORÓ DE TODOS OS TEMPOS! E a Marcha seguiu intacta, invicta e batizada por São Pedro e louvada devidamente por Xangô, Tubinambá e todas outras divindades fazedoras de chuvas e tempestades, que dos vários raios que transcorreram vibrantes e mortais, em nós nenhum caiu. Orações não faltaram! E registre-se o frio, os corpos de vestimentas encharcadas, calças, bermudas, camisetas, blusinhas e shortinhos, os tênis, sapatos e meias, e os vários guarda-chuvas que também abriram, às poças d’água...

E registre-se que a Marcha margeou novamente a Praça do Patriarca, essa já outra, mudada pelo fim de luz do crepúsculo, chegou na Praça do Ouvidor, atravessou o Largo São Francisco e embicou na Cristovão Colombo. Entrou na Avenida Brigadeiro Luis Antônio, o crepúsculo já cerrando noite. E que a Marcha, tendo sido impedida de subir a Brigadeiro, foi desviada – em concordância com a diretriz policial, diga-se de passagem, à Rua Maria Paula. Nessa hora escapuli pelo cerco policial, já pretendia fazê-lo. Pois tanto constatei que a marcha ia passar em frente à minha casa, na Maria Paula com a São Luis (Viaduto Jacareí X Viaduto Nove de Julho), como uma mais-valia na hora de fazê-lo: queria por uma roupa seca, pitstop oportuno, privilégio da circunstância.

E registre-se que vi a Marcha passando alegre e soberana, ainda que cercada, vi de cima, da janela do meu quarto, enquanto trocava de roupa e cantava junto o que ouvia lá de baixo, da cidade baixa. E eis que, tendo trocado de roupa e dado sequência à caminhada, vejo, do Viaduto Nove de Julho, uma esquadra passando com cerce da 20 viaturas, POLÍCIA OSTENTAÇÃO, e virando na Xavier de Toledo. Fui para o outro lado, perdi o fim do bonde, vou comer um PF, já vi essa cena em outros carnavais. Dessa vez poupo-me...

Isso posto, contada a narrativa em sentido histórico, micro, um outro ponto de vista, problematizo uma última questão, ou antes um problema último, que a factoide reportagem deixou vazar: a queima da bandeira nacional e a queima da catraca, em meio a violência policial. Lembrando então de Mário Quintana, que disse que “a resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas”, Finaliza-se essa outra narrativa com três indagações:

1. Catraca queimada = bandeira do Brasil queimada? Ou seja, sugerindo equivalência, é um país a totalidade de um controle, de uma programação, de uma contabilidade “à toque de caixa”, do qual a população “não é mais um dado, mas uma consequência[4]?

2. Ou antes, catraca queimada X pólvora queimada? Ou seja, sugerindo a oposição, todo ato que inclui a queima simbólica de um signo, esse e/ ou aquele, será duramente reprimido por uma queima efetiva de munição, infinitamente superior, pelo poder letal? Ironicamente, e talvez justamente, tais armas são chamadas de “não letais”;

3. E, finalmente, chegando a uma citação artística, Duchamp: Catraca = urinol?

Para Rui Santana,
Aniversariante do dia, em 24 de Janeiro de 2015,
junto às comemorações do aniversário da cidade




[2] quase citando Valeska Poposuda, não fosse a letra da cantora uma peça de marketing e a ação da polícia muito mais antiga que a quase citação.
[3] Trecho do Poema das Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade.
[4] Parafraseando Paul Virillio.

23.1.15

Sobre mobilidade urbana e riquezas hídricas

Um mar de carros

Um fluxo [(in)controlável] de pessoas

A contradição entre falta (colapso)
e a fartura (arquíferos, rios e chuvas)
d'água


Café filosófico


degusta........... e gourmetiza

21.1.15

Grávida


fértil ventre prenhe
tamanha feminilidade

as largas ancas grandes
as grandes tetas gordas
prontas para receber a vida
fartas como o próprio mundo

Insaciável


o corpo é uma sede que não conhece limites

Afetos


Aqueles que são como um jardim secreto,
Belo e eterno, que nem a morte supera o
Sentimento (e saudades)

E aqueles que mudam, germinam e nascem
Em outros cantos crescem
Correntezas e vento

Je'suis

os mártires invisíveis

e os mártires que viram marketing

14.1.15

Ouro de pobre


Cerveja Cachaça
Farinha Pimenta
Café e querença

e Tereza
sobretudo Tereza

8.1.15

Homem primata, capitalismo selvagem


Cidade caixa preta
Selva de pedra
Brasil colcha de retalhos

Fúria de Titãs
Dança de Titânides

7.1.15

Mestres




Shitei Funi

“observar atentamente, refletir profundamente, executar num instante”

Lenilélia Abbamonte
Luiz Gonzaga da Silva
Zilpa Folco
Renato Russo
Anderson de Oliveira Lima
Baden Powell
Celso Machado
Jostein Gaarder
Nuno Ramos
Jackson Pollock
Jean Michel Basquiat
Marcel Duchamp
Lina Bo Bardi
José Saramago
Daisaku Ikeda
Luis Guimarães Monforte
Eiichiro Oda
Darcy Ribeiro
Vilém Flusser
Milton Santos
Os Gêmeos
Zé Lixomania
Yamandu Costa
Marcelo Gleiser
Walt Whitman
Herman Hesse
Jorge Amado
Mário Quintana
Jorge Ben Jor
Hélio Oiticicca
Manoel de Barros
João Guimarães Rosa
João Antônio
Guilles Deleuze
Félix Guattari
Cartola
Paulinho da Viola
Luis Antônio Simas
Gilberto Freyre
João Bosco
Wassily Kandinsky
Racionais MC’s