25.3.17

Na escuridão da madrugada


Uma vez encontrei um mulek sentado encolhido,
Agachado chorando, agarrado às pernas num muro qualquer da Avenida Vergueiro.
Carregava meu violão, pousei-o ao lado, sentei com o mulek.
“Que aconteceu?”
Entre soluços, foi difícil entender exatamente,
Mas eu já conhecia o contexto, até por já ter andado por lá,
e a treta tinha sido feia naquela baixada, a boca da Muniz,
esse baixadão do Glicério, fazendo frente com Aclimação e Cambuci.
Seja lá quem fosse a família do mulek, ele saiu vazado.
Pode ter sido qualquer coisa, a polícia montando base forte, varrendo o local,
Ou uma cizânia interna na casa do mulek. Pareceu ser as duas coisas.
Fiquei sentado lá com o mulek um tempo, ouvindo ele chorar, soluçar.
Alguém passava e se importava, mas o que se vai fazer?
Levar o mulek pra casa?
Deixei ele na rua, dei meu celular pra ele,
ao invés de ser mais sincero e simplesmente dizer : sobreviva, eu não posso cuidar de você!
Mais tarde nessa noite meu celular tocou,
o guri que não lembro o nome queria falar com o amigo dele, Luciano,
chorando por ai na rua ele conseguiu, com outras pessoas, fazer uma ligação,
e a gente conversando com ele, imagino, deixou essa criança seguir à esmo