18.7.12

Mas


(Eis que surge a nova questão: a vida comprimida. A minha vida comprimida às escolhas de modos de produção: como produzir-me a mim mesmo, eu que já não me sei sujeito, e mesmo assim guardo o máximo de estórias. Um tempo adulto, ainda que um tanto alienado. É porque afinal não controlo nem domino globalmente os processos de produção e manutenção dos quais dependo para subsistir, e só muitíssimo pouco realizo trabalho duro, refinado o tanto quanto possível, sendo a maior parte da minha produção trabalho mole, intelectual, protótipos, críticas e sínteses, ainda que ultimamente flexível e articulado às engrenagens do corpo sem órgãos dos fluxos e das represas de capital do desejo, o condicionamento extremo, eletronicamente rígido e potente deslocamento e concentração de coisas, de terras, onde a volatilidade impera no lucro da mais-valia. O império dos sonhos. O império dos sentidos.)

Mas teu sorriso na fotografia 
ainda me faz mais doce, 
e ocre

uma fogueira quente enrustida na terra, 
o céu em chamas.