11.1.19

Fazer do coração um templo



Criar um tempo circular, uma imagem minimamente poética, que ressignifique o tempo linear das palavras, estas tão efêmeras e invisíveis como o vento, fazer poesia com linhas, trabalhá-las, dar a elas forma, extrair a fibra das folhas de bananeira, de bambu, do cânhamo, tecê-la para fazer roupa, urdidura e trama, trançar rede pra dormir e pra pescar peixe, amarrar nó forte e que desfaz, esticar para fazer cordas e com elas tocar música, envergar o galho seco da árvore e amarrar as pontas e torná-lo arco, esculpir dos galhos as flechas, emplumá-las, na ponta pedra afiada, cerrar a vista e mirar no céu o alvo em movimento, olhar à frente os olhos do inimigo, o arco teso, a flecha esticada, inspirar, espirar, soltar, precisão, velocidade e força...