22.12.14

O’Escambau


Na feira de escambo
O arqueiro bêbado atira
Flechas pra tudo que é lado
troca, permuta e câmbio

e gracinhas e xavecos
às mulheres que passam
das gatinhas às ximbicas
O’groove, et al.

Gema e claras batidas neve
Derretem cismas
Às favas!

Whisk and bowl?
Whisky and bow!

desgourmetizando

aquele bom e véio PF,
a cerveja gelada,
o radim do bar:

"panela velha é que faz comida boa"

foodtruck o'escambau:
o negócio é

COMIDA DE CAMINHONEIRO!

com Ju Okuda

17.12.14

Bicho manso


escorpião no fundo
da terra não pica

mas cuidado com o ganso!

semente sem terra
é a fome

só não mexa na marmita!

16.12.14

Hemoglobina


Sangue
Vermelho e líquido

Derrama baldes
Molha goteiras

saber empírico

para Tonyman

14.12.14

Lagrácimas


Risadas rolando
lágrimas de graça

para Anderson França e Yasodara Córdova

7.12.14

Scroll Rolling Jogging


Aquela longa caminhada matinal
de descer a timeline da rede social

5.12.14

Gari


Chapolim colorado não morreu
Veste laranja
é uma Massa!

dançando na rabiola do caminhão do lixo

Completamente inútil


Toda obra, criação, produto
de origem, civilização, experiência humana,
das mega construções aos micro contos,

das grandes religiões, epopéias, narrativas,
aos pequenos dramas, fracassos, conquistas,

passando pelas nanotecnologias
metafísicas e pragmáticas,

virando à esquina na curva do rei,
ou onde Judas perdeu as botas,
os deslocamentos pendulares,
etc, what'ever, o que se valer

tudo
deliciosamente
inevitável

para Luis Carlos Martin Sallas

3.12.14

E assim caminha a gestão de resíduos sólidos no centro da cidade de São Paulo

.
.
.
. Hoje colei na praça Roosevelt pá levá o lixo reciclável e, pela segunda vez, não encontro os antes usuais galões, aqueles verdes. Ao constatar a ausência consecutiva, não resisto (sérias ressalvas à corporação) e vou perguntar pra dois guardinha civil, ali próximos:

Luti: bas’tarde, por favor, sabe q aconteceu com os galão de lixo reciclável?

GCM 1: co quê!?

Luti: os coletorzão verde de lixo.

GCM 2: ah, foram retirados, vandalismo.

GCM 1: a galera ficava virando pra fazer bagunça, manobra de skate...

Luti: poutz, que fita (é frustrante separar e acumular o reciclável e não ter onde por)...

GCM 2: ah, mas eu joguei uma garrafa de água aqui agora.

Olho para o cesto de lixo na calçada, que o GCM 2 aponta.

Luti: ah mas esse saco preto ai não é reciclável, vai pro aterro ou pro lixão.

GCM 2 replica que jogou a garrafa d’água ali, GCM 1 avisa rapidamente que não quero pegar mais lixo, quero me livrar das duas sacolas que carrego, uma em cada braço. Me despeço.

Depois percebo que GCM 2 achou que eu era mendigo/ catador (cabelo+chinelo+camiseta de futebol+sacolas). Irônico, irônico...

Pela segunda vez consecutiva, jogo o lixo reciclável nas cestas de lixo “comum” da praça...

1.12.14

Algo avatar

Acho realmente engraçado quando
as pessoas me veem na rua e lembram
de um personagem (no caso Side Show Bob)

ou pessoa histórica (Slash do Guns, Raul Seixas,
ou Casagrande do Timão, entre outros):

Me sinto algo famoso,

sósia, cúmplice,

Quiabo de Xangô

Pingos D

música
chuva
ritmo

para Ayrson Heráclito

25.11.14

blasé natalino úmido


decoração de fim de ano
a chuva deixando
a madrugada
mais

com Fernanda Prieto

6.11.14

Carióquêishi


masculina malandragem
feminino charme

23.10.14

Hamelin




Comunista destruidor de lares,
comedor de criancinhas...

Flautista de Hamlet!

17.10.14

Speed day


E hoje, com certeza, mais um dia,
por terra, por água, por ar
continua cruzando, entre outras

cocaína

14.10.14

Prazer do duelo


na política, violência
quase sempre inevitável,
no mínimo a ofensa;

virtude diplomática quase
ideal, não ofender-se
(à sua própria inteligência),
e também não ofender
o adversário.

Como num jogo de xadrez, ser
deposto, empate técnico, ou
destroná-lo

O peão atravessou o
horizonte, travestiu-se
em dama poderosa!

São Paulo,


jardins de casamatas
Paulicéia desvairada!

para Laerte

Aluvião


No futuro vai chover,
mas vai chover tanto,
que a chuva de Macondo vai parecer uma
miniatura de São Paulo, terra da garoa.

Mas não se trata de falta, sêca
ou mesmo abundância d'água.
Nem será chuva qualquer, ainda que pareça.

Trata-se primeiro de lavar a civilização
ante sua própria decadência.

19.9.14

Min'As


Falar com a
Dimensão do
Som que
se ouve

Energia Q

1.9.14

#partiu


já superei o passado
vou-me embora pr'o futuro

28.8.14

Barricadas poéticas




Multiplicidade
Diplomata

Gravempux’O


Lutei contra
Saí por baixo
Dela

Nasci junto
Jorrei o riste
Dele

Surgir no meio
Cruzei caminho
Mudou de assunto

jogo de filacantos

13.8.14

oi?

Arroba
At


#

hashtag

partiu

@_@

círculos transmutacionais alquímicos

vida, morte e jornada

#_#

para Ligia Albamonte da Silva

Barafonda

 Azáfama Paulistana

ou

Paulicéia Desvairada

 ...

Enquanto isso, no adesivo colante que compunha o classificado de putas dos orelhões do glamoroso e decadente centro velho naquele fim de tarde na terra da garoa, crepúsculo chuvoso, no adesivo colante lia-se:


TRAVESTI ANA PAULISTINHA, NUA E CRUA, TOPA QUALQUER PARADA!

12.8.14

Cobráguia


O poder sempre se eleva
(do outro a si próprio)

mas também cava
afunda
e rasteja

10.8.14

Lua


da pequena bela o poder
grande pérola ultramarina
satélite de amores e marés

6.8.14

Tudo azul


Urubus
Gaivotas
Elefantes

Encontros e desencontros


só uma dorzinha
no coração aberto

que se fecha
abre, fecha
tu dum
ainda bate

o cachorro late
silêncio
parte o homem

navios e cais

Revelar, do relevo, à relva


Existe algo de sagrado
(secreto) em todo descobrimento.
E todo descobrimento é uma celebração!

1.8.14

Heart Breaker


Ritmo cardíaco científico nome
Paura, grande emoção usufruí-la
a dor e o prazer de ser, poder
saber cessar a qualquer momento

medo de criança posta
às provas da vida, o que vai
ou não quebrar e o que dá
pra colar, remendar, Kintsugi

o dó! bela nota, maior
menor, viver de ritmo
vida de arte

para Karen Menatti e Guga Stroeter

28.7.14

Sobre a Arte da Guerra


A impossibilidade de muitos
para saber a verdade

(segredo de poucos)

todo tipo de especulação
a favor e contra
às causas em jogo
e as regras por quebrar

(trapaça)


23.7.14

Vacinatural


Em meio à sucessivas epidemias morais
Cerebrais anticorpos reagem ativamente
acionando sucintas metamorfoses espirituais

21.7.14

Sobre a confusão Direita-Esquerda, algumas considerações


Parece claro que o “conceito”, qualquer que seja (científico, político, econômico, social, etc) muda de posição e de contexto, com o passar do tempo, modo genérico, escuro;

Sobretudo os conceitos, por exemplo direita e esquerda, são relativamente simples, “puros”, e absolutamente compostos, ou seja, semioticamente mistos (a linguagem funcionando em relação à fonética, mas também à escrita, ou à um sistema produtivo, jurídico, etc);

Cabe então, a partir do modo genérico, buscar (refazer: decalque, e retraçar: mapa) as características do desenvolvimento histórico de cada conceito, bem como identificar as mutações específicas (as encruzilhadas) de um conceito no outro;

Ora, a Direita “sempre” correspondeu ao poder “superior”, seja este imperial, estatal, militar ou empresarial, entre outros. Ordem, tradição e conservadorismo são seus lemas, e respeito e devoção à Hierarquia sua especialidade; os exercícios e o Exército. A Segurança do Viver, o Sentido do Trabalho, a Produção Social a meritocracia plena. Nesse sentido, atualmente, não haveria nenhuma contradição em chamar um neoliberal de conservador: O Capital é sua pátria, o “livre mercado”, do Direito à Propriedade à propriedade da Terra, seja empresariado, estatal, religioso, seja rural, oceânico, aéreo: questão de prioridade para a sobrevivência do corpo e usufruto do espírito, da consciência, engrenar-se à Máquina de Reproduzir Mundo. Apolo, a voz da Razão;

A Esquerda, por outro lado, sempre correspondeu a uma possibilidade de levante, de revolução, de inversão dos papéis. De enxergar riqueza na pobreza, também o contrário, e lutar pela erradicação de ambas as contradições. É a subversão, a quebra da Hierarquia para extravasar o caldo de possibilidades, uma divertida, sofrida e necessária paixão. Tentativa de libertação das regras do jogo, mas sempre dentro do jogo: a destruição do sistema e a reconstrução das regras. É a solidariedade com os seres vivos independente da hierarquia, da identificação com o outro, o reconhecimento de sua inteireza, sua própria História, seu livre-arbítrio, que com certeza goza e sofre, beleza glória e frágil. Dionísio e a alegria da Festa;

Sem miséria; o Banquete.

(Ainda caberia expressar algumas permutas que confirmassem a nominação Semiótica Composta, por exemplo a necessidade do desafio, o desejo em lançar-se, a vontade de potência, o prazer pelo controle, mananciais de afetos, etc)

2.7.14

Equilíbrium


corpo grita
espírito chora

feminins'masculin
alma vibra corda
toca'estoura

inexorável tempo
víbora águia

agora ágora

para Ciro Bastos

25.6.14

Pequenos encontros anônimos


Indo cada qual ao seu destino, cruzariam com o outro, numa rápida passagem pelo mesmo caminho. Fresta, elo, calçada, corredor, labirinto? O fato é que, pouco antes de se cruzarem, surgiu a dúvida sobre qual desvio tomar, esquerda ou direita... Eis que, olhos nos olhos, intimidade resumida àquele passo de dança torto, dois pra lá, dois pra cá...

Andavam na mesma direção, às luzes da noite, um atrás do outro, inexpressivos, mas as sombras cruzando uma sobre a outra...

Olharam-se e apaixonaram-se mutua, terrivelmente, no breve momento em que dividiam o mesmo destino, sem dizer uma palavra...

4.6.14

Pequena história pra boi dormir


Mãe Dilná, formiga rainha de um país fantasioso, quando via que seus filhos peraltas “não fugiam à luta”, esbravejava em ondas televisivas de rádio peão:

 – Podem brincar, mas protestem em paz! Senão desço o cacete, ponho de castigo, e vocês não vão poder assistir à copa, DUAS VEZES!

Ao que os filhotes, lacrimejosos, assentiam, ainda que contrariados...

MAS, insubmissos, assim que mamãe virava as costas, voltavam a brigar, farrear e viver como melhor lhes apetecesse, entre as ripas, lidas e labutas diárias que punham a funcionar o célebre e indigesto formigueiro.

29.5.14

30.4.14

Serendip Smash Brothers




Serendipidade

Príncipes de Serendip, Horace Wallpole
Capacidade de observação e sagacidade
Descobertas inesperadas para dilemas impensados

Sri Lanka, Sânscrito, Terra Resplandecente
Acentuando o grego, Tabrobana, Tamraparni,
Thambapanni, cor de cobre, o porto Kudiramalai
Tamraparni, Budismo Theravada
Na primeira estrofe de Os Lusíadas
Uma jornada além da Terra, a Atmosfera e o Ar

Enquanto macacos comem bananas
三猿 Mizaru Kikazaru Iwazaru
Homo sapiens sapiens cospem dinamites bombas atômicas
A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica


25.4.14

Ensaio sobre


Clareza de olhar o sol na cara
Sede de beber d’água que afoga
Calor da fogueira na sola dos pés
Queda no abismo que se pretendia voar

No peito oprimido A cabeça
quebrada em mil pedaços
escrever Hoje é dia de

para José Saramago e Renato Russo

Mestres


Absorção
Erudição
Bodisatva

Frederico Louca Shiva
A dança da destruição

Os gêmeos rizomáticos
Entre o par (im)perfeito e as
Dialéticas duplas dualidades

Buda, e as lideranças espirituais
O discípulo que supera o mestre
Super-anti

A Música, e os músicos, musicistas
Arrebatamento de supercordas
Olhos ouvidos buracos olfativos

E as artes entre o micro e o macro
Científico De um scópio
crepuscular uma matilha

Que busca um lar
Uma viagem
travessia

Nós


Desenrolá-los é bom
Alguns bem complexos
“Nós de bolso”

Nosoutros
Desenrolar-nos
Dar linha ao tempo

Seguir viagem
Emaranhar-nos
Nós de passagem

Até rachar a antena
Sem nós
em cascas de ovos

A clara e a gema
do mesmo ventre
gêmeas

para Romy Schinzare

Super-anti


Colecionador de erros
Grandes fracassos
Pequenos sucessos

o sarcasmo e a ironia
desfazendo brumas
da solução a alegria

para Frederico o Louco

21.4.14

Nynph()


Aquela música
De dias solitários
Ventos urbanos
Abraçar o vazio

Marés oscilam a lua distante

Vazar a fala
O leite
sangue
A terra

Naqoyqatsi
Vida em guerra

Milhões de suados poros
Anticorpos bactérias micróbios

Calava
Aguardando
O próximo momento de intensidades

jogo de filacantos

Bigode


Sex simbol master
Precisão e esmero
àquela parte Lábio
levemente velado

para Ju Okuda

17.4.14

Antropofagia sexual


Comer
e ser comido
Comer
e dar de comer

Canibal só na guerra

a mão lamber
Cheirar o corpo nu
Comer e dar prazer

A cobra e os buracos
Negros de luz, alva
boca e o rabo cu

choques atravessam alma

Bola de som


Ando pelas ruas meus pés
por mendigos passam, a
todos desejo bons sonhos, os
que ouvirem meus passos

Pássaro

para Pedro Assad

15.4.14

Geração Y


Gomes
Gonçalves
Gonzaga²

Abbamonte
Albamonte
a cruz e a espada

Cabocla do anjos
Bugre da gema
Mulato capataz
Imigrante da Itália

O polvo solta tinta
O povo canta e grita
bola 8 na caçapa


10.4.14

Tabaco dreams



Solidez desmanchada matéria
Brumas de sonhos maturam
Mutações Munduca Sexta
Mutante Carolina Sphinx

O vento trás a semente
que nasce da terra e cresce
em folhas frondosas

Do tubo em forma de Y
para fumá-la, seu nome
de Portugal à França brotam
delicadas flores nicotianas

Fome de larva do ovo
vira lagarta verme de chifre
Voláteis de plantas e vespas
com fome seus ovos também

O veneno e o remédio
escorpião em combate
sobrevivente pupa casular
a Mariposa esfinge