21.7.14

Sobre a confusão Direita-Esquerda, algumas considerações


Parece claro que o “conceito”, qualquer que seja (científico, político, econômico, social, etc) muda de posição e de contexto, com o passar do tempo, modo genérico, escuro;

Sobretudo os conceitos, por exemplo direita e esquerda, são relativamente simples, “puros”, e absolutamente compostos, ou seja, semioticamente mistos (a linguagem funcionando em relação à fonética, mas também à escrita, ou à um sistema produtivo, jurídico, etc);

Cabe então, a partir do modo genérico, buscar (refazer: decalque, e retraçar: mapa) as características do desenvolvimento histórico de cada conceito, bem como identificar as mutações específicas (as encruzilhadas) de um conceito no outro;

Ora, a Direita “sempre” correspondeu ao poder “superior”, seja este imperial, estatal, militar ou empresarial, entre outros. Ordem, tradição e conservadorismo são seus lemas, e respeito e devoção à Hierarquia sua especialidade; os exercícios e o Exército. A Segurança do Viver, o Sentido do Trabalho, a Produção Social a meritocracia plena. Nesse sentido, atualmente, não haveria nenhuma contradição em chamar um neoliberal de conservador: O Capital é sua pátria, o “livre mercado”, do Direito à Propriedade à propriedade da Terra, seja empresariado, estatal, religioso, seja rural, oceânico, aéreo: questão de prioridade para a sobrevivência do corpo e usufruto do espírito, da consciência, engrenar-se à Máquina de Reproduzir Mundo. Apolo, a voz da Razão;

A Esquerda, por outro lado, sempre correspondeu a uma possibilidade de levante, de revolução, de inversão dos papéis. De enxergar riqueza na pobreza, também o contrário, e lutar pela erradicação de ambas as contradições. É a subversão, a quebra da Hierarquia para extravasar o caldo de possibilidades, uma divertida, sofrida e necessária paixão. Tentativa de libertação das regras do jogo, mas sempre dentro do jogo: a destruição do sistema e a reconstrução das regras. É a solidariedade com os seres vivos independente da hierarquia, da identificação com o outro, o reconhecimento de sua inteireza, sua própria História, seu livre-arbítrio, que com certeza goza e sofre, beleza glória e frágil. Dionísio e a alegria da Festa;

Sem miséria; o Banquete.

(Ainda caberia expressar algumas permutas que confirmassem a nominação Semiótica Composta, por exemplo a necessidade do desafio, o desejo em lançar-se, a vontade de potência, o prazer pelo controle, mananciais de afetos, etc)