1. Mamute
A velhice, cansaço do espírito? A vitalidade vem de abrir os
caminhos, o coração, o nariz, o pulmão, a cabeça e a bunda. Uma piscina em alto
mar. Uma motocicleta, um clássico. A carne que se mata e se come sustem a vida,
impregnante morte. A imaginação solitária de um ser escolhido, escondido nas
multidões. A história em vários níveis, momentos, factíveis à surpresa e ao
contraste.
2. A Partida
O violoncelo e a música, a profissão e a vida. A vida e a
morte em cada momento, em cada refeição. Um casal, que faz do fracasso alavanca
para a transformação. O professor e a matriarca fazem do seu ofício o
reconforto e o tesouro. O ritual que encerra a última fantasia. A tempestade e
a água-bonança, a dança das ondas sobre a imensidão profunda.
3. Viajo porque preciso, volto porque te amo
A paisagem de cada ser, um ser imenso. A sonoridade da voz
que ecoa em cada cabeça. A paisagem e o território, a vastidão e um
personagem suspenso. A dureza do árido e a ância de uma vida-lazer. Do fim do
Prazer, ao prazer pelo Cotidiano. Uma vida-lazer, em meio à dureza da pedra,
onde pinga ou não a água benfazeja. Do penhasco ao mar, o salto na imensidão.
4. O segredo dos seus olhos
A vida cotidiana continuamente acaba e recomeça. Sob o olhar
sublime da morte, persevera a a autoridade do bizarro. Ao silêncio da morte
sobrepõe-se o grito de amor. persevera ao medo. O eterno duelo entre dor e
desejo, entre o dever e o direito. Uma história a ser sempre recontada, para
não ser esquecida, para renascer ao ser relembrada.
5. A pele que habito
O espírito preso no corpo, junto a pele. A ação artificial
que mascara a si mesma, máscara do outro. A animalidade que sobrepuja o homem:
mais uma fantasia. Ou uma máscara de ferro. A submissão versus a emancipação,
uma batalha constante. A capacidade de criar loucura na racionalidade.
Transformação.
6. Melancolia
Explosão galáctica: o começo do fim. O casamento entre os
astros e a impossibilidade de um contrato garantido com a imortalidade. A chama
que se apaga, eternamente. Como a pedra que ecoa e afunda quando atirada ao
mar. Nesse momento, uma pausa para a reflexão e a serenidade, outra para a
paixão e o desespero.
7. Paradise Now
O cerco vai se fechando, numa densa invasão. A psicologia
ideológica das barreiras e dos muros. O confinamento martirizante, tão
desnecessário quanto sufocante. A impossibilidade de resistir, irredutibilidade
de se inconformar. Da conformação subsistente à explosão da inconformação
intolerante. A luta, derrame de martírio de si mesmo à negação ao
outro. O transbordamento de nosoutros.
8. Meia noite em Paris
Aquele tempo bom que não volta mais. Esse tempo de agora
difícil de se acostumar, tão invasor, tão voraz. Tão pouco espaço para sonhar a
lembrança de um momento antigo como esse de agora. Mas tanto espaço para
sonhar, se dentro de ti a um mundo que anseia e confia no porvir. Que tempo bom
que olha nos olhos e te atravessa, convida uma história, e não volta nunca
mais.
9. For eyes monster
Aquele amante, aquela amada diversidade, de estar enrolado
em seus braços. E cheirar os seus cabelos, e curtir o seu abraço. E do nosso
encontro constituirmo-nos em ábaco, espelho espiritual. A chancela do corpo, as
asas do espírito. Cada um tem uma asa: o abraço e o impulso.
10. O céu sob os ombros
Somos três, pra mais de mil. E em momentos análogos nos
comunicamos experiências complementares, e completamente diversas. A pressa que
discorre sobre esse tempo que eu não sinto, mas tenho que suportar. Essa curva
inesperada, que eu devo suportar. Essa conformação inútil que eu devo superar.
O preço que se paga exatamente pelo que se vive. E as coisas simples e
complicadas de se viver.
11. A cidade/ O império - dos sonhos
Dois filmes em um. Uma experiência bipartida. O onírico que
avassala tanto o pesadelo como o sonho idílico. A cidade, o desejo, o império
dos sentidos. Saturando-se, até o amargor da boca. Até o porão profundo que
continua, numa escada de moebius, até o teto. O porão do sótão tem
uma janela empoeirada, com vista para a cidade. Cilada?