Lembrando agora de uma situação muito antiga, final da
década de 90: era bem xofem, indo do metrô para para casa, voltando de alguma
balada, o sol nascendo, o bek em brasa. Encontro com um sujeito de bike, negro,
de óculos, magro, expressão séria, pensando agora diria que parecia o Cartola
(naquela época em que fumar na rua implicava trombar malandros de toda ordem,
ceder ou pedir um "pega", ouvir uma história qualquer), ele me conta
que trabalha no Instituto Médico Legal - IML, no centro, e que vai e volta todo
dia de bike (dali do fundão da Penha, naquela época não tinha ciclovia), que
trabalhando todo dia com gente morta queria mais é se sentir vivo, e naquela
alvorada o Sol nascia mesmo era de dentro daquele homem.