Rascunho genealógico adentro de três tópicos do momento
escrito por um pseudo antropólogo
Os gigantes existem faz tempo, e
podem ser de vários gêneros: mitológicos (deuses, divindades, titãs, seres
fantásticos, aquele baby marshmallow dos caças-fantasmas); populações (de
pessoas, plânctons, formigas ou árvores); animalesco (polvo, baleia ou lula
gigante); forças da natureza (montanhas, vulcões, abismos e tsunamis); etc etc
etc
(O mesmo acontece com dragões,
quimeras e outros seres fantásticos, bem como vírus, bactérias e sistemas
solares, nascidos todos do desejo de olhar as coisas por um diverso
macroscópio, tocar o mundo como um objeto fragmentado e manipulá-lo como um
artifício lapidável)
As bandeiras existem faz tempo, e
podem ser de vários gêneros: primitivo (uma pintura nas cavernas, um sinal de
fumaça ou uma pilha de ossos); familiar (comunais, clãs, filiações e alianças);
pública (bandeiras federais, de qualquer Estado ou agremiação celular autogovernamental
e contraculturas); privadas (agremiações esportivas, corporações trasnacionais,
latifúndios); ideológicas (ciências, morais, dogmas, estatutos); etc etc etc
(As bandeiras se prestam à
devoção, indiferença ou desprezo, por parte daqueles que a levantam e mantêm,
observam e gesticulam os ombros, e que tentam destruí-la, respectivamente).
As ditaduras existem faz tempo, e
podem ser de vários gêneros: biológicas (a indústria da carne, vacinas e vírus
de laboratório, a indústria química e a produção de lixo e esgoto); históricas
(feudalismos, monarquias absolutistas, monopólios transnacionais, aparelhos de
Estado e sistemas políticos como um todo genérico), científicas (tecnologias da
população, produção, propriedade e proteção do conhecimento empírico, sistemas
de mídia e telecomunicação); etc etc etc
(Sistemas de governo
estabelecidos na base de violências explicitas, gratuitas, secretas e veladas.
Também conhecidas como jogos de poder), e geram sempre maior ou menor
desigualdade social. Distinta e contrastante a sistemas de cooperação e
solidariedade.
Lembrando que essa genealogia não se presta a conclusões simbólicas, mas a vestígios de índices, assim como o navegador pirata está mais preocupado com a rota de fuga, a disposição para o contra-ataque e a corrente oportuna do que com a bandeira do seu navio ou do navio inimigo, claramente deve defendê-la. Pois, parafreaseando Deleuze, a genealogia é a esquerda sui generis.