23.6.13

Bandeiras, gigantes, ditaduras


Rascunho genealógico adentro de três tópicos do momento

escrito por um pseudo antropólogo

Os gigantes existem faz tempo, e podem ser de vários gêneros: mitológicos (deuses, divindades, titãs, seres fantásticos, aquele baby marshmallow dos caças-fantasmas); populações (de pessoas, plânctons, formigas ou árvores); animalesco (polvo, baleia ou lula gigante); forças da natureza (montanhas, vulcões, abismos e tsunamis); etc etc etc

(O mesmo acontece com dragões, quimeras e outros seres fantásticos, bem como vírus, bactérias e sistemas solares, nascidos todos do desejo de olhar as coisas por um diverso macroscópio, tocar o mundo como um objeto fragmentado e manipulá-lo como um artifício lapidável)

As bandeiras existem faz tempo, e podem ser de vários gêneros: primitivo (uma pintura nas cavernas, um sinal de fumaça ou uma pilha de ossos); familiar (comunais, clãs, filiações e alianças); pública (bandeiras federais, de qualquer Estado ou agremiação celular autogovernamental e contraculturas); privadas (agremiações esportivas, corporações trasnacionais, latifúndios); ideológicas (ciências, morais, dogmas, estatutos); etc etc etc

(As bandeiras se prestam à devoção, indiferença ou desprezo, por parte daqueles que a levantam e mantêm, observam e gesticulam os ombros, e que tentam destruí-la, respectivamente).

As ditaduras existem faz tempo, e podem ser de vários gêneros: biológicas (a indústria da carne, vacinas e vírus de laboratório, a indústria química e a produção de lixo e esgoto); históricas (feudalismos, monarquias absolutistas, monopólios transnacionais, aparelhos de Estado e sistemas políticos como um todo genérico), científicas (tecnologias da população, produção, propriedade e proteção do conhecimento empírico, sistemas de mídia e telecomunicação); etc etc etc

(Sistemas de governo estabelecidos na base de violências explicitas, gratuitas, secretas e veladas. Também conhecidas como jogos de poder), e geram sempre maior ou menor desigualdade social. Distinta e contrastante a sistemas de cooperação e solidariedade.

Lembrando que essa genealogia não se presta a conclusões simbólicas, mas a vestígios de índices, assim como o navegador pirata está mais preocupado com a rota de fuga, a disposição para o contra-ataque e a corrente oportuna do que com a bandeira do seu navio ou do navio inimigo, claramente deve defendê-la. Pois, parafreaseando Deleuze, a genealogia é a esquerda sui generis.