(Eis que surge a nova questão: a
vida comprimida. A minha vida comprimida às escolhas de modos de produção: como produzir-me a mim mesmo, eu que já não me sei sujeito, e mesmo assim guardo o máximo de estórias. Um tempo
adulto, ainda que um tanto alienado. É porque afinal não controlo nem domino
globalmente os processos de produção e manutenção dos quais dependo para
subsistir, e só muitíssimo pouco realizo trabalho duro, refinado o tanto quanto
possível, sendo a maior parte da minha produção trabalho mole, intelectual,
protótipos, críticas e sínteses, ainda que ultimamente flexível e articulado às
engrenagens do corpo sem órgãos dos fluxos e das represas de capital do desejo,
o condicionamento extremo, eletronicamente rígido e potente deslocamento e
concentração de coisas, de terras, onde a volatilidade impera no lucro da
mais-valia. O império dos sonhos. O império dos sentidos.)
Mas teu sorriso na fotografia
ainda me faz mais doce,
e ocre
uma fogueira quente enrustida na terra,
o céu
em chamas.