Criar um tempo circular, uma imagem minimamente poética, que
ressignifique o tempo linear das palavras, estas tão efêmeras e invisíveis como
o vento, fazer poesia com linhas, trabalhá-las, dar a elas forma, extrair a
fibra das folhas de bananeira, de bambu, do cânhamo, tecê-la para fazer roupa,
urdidura e trama, trançar rede pra dormir e pra pescar peixe, amarrar nó forte
e que desfaz, esticar para fazer cordas e com elas tocar música, envergar o galho
seco da árvore e amarrar as pontas e torná-lo arco, esculpir dos galhos as
flechas, emplumá-las, na ponta pedra afiada, cerrar a vista e mirar no céu o
alvo em movimento, olhar à frente os olhos do inimigo, o arco teso, a flecha
esticada, inspirar, espirar, soltar, precisão, velocidade e força...