27.2.17

Dama de Copas



Turbante de ouro
Reis de Paus
Folhas de Espada

Ilú Obá de Min
26 de Fevereiro de 2017
São Paulo
Barafonda

os originais da foto
Arô Ribeiro + Elisa Rojas

26.2.17

o Corpo Carnavalesco


é uma máquina foderosa

24.2.17

em banho Maria


a Paixão tem pressa
anseio, desejo
fome

de paixão pra doença,
um passo, salto
no escuro

arrefecer a posse
aferir a Têmpera
paciência

cozinhar

21.2.17

Carruagem


Nem faz tanto tempo que a gente se partiu
A casca do ovo quebrado
Os cacos de vidro de leite derramado
O trem que já partiu da estação
Não fossem cisões e rupturas
E poderia ser uma receita,
de bolo, de viajar, de ser feliz
Agora já somos outras coisas
Fragmentos, solidão, cicatrizes
Também somos felizes
Ainda que cínicos e hipócritas e inúteis
As complicações do cotidiano
O sofrimento lento e sortido do viver
Que tempera os momentos bons
A madrugada fresca que espraia pela cidade
A lembrança do campo, da água, do mar
Uma idéia inventada de campo
Nostálgica, que ouvimos da boca dos mais velhos
Madrugadas de um outro tempo
Orvalho da manhã, ainda verão
Daqui a pouco outono

Não faz tanto tempo assim desde que você partiu
Mas ficou um vazio, algo de vida sem graça
Ainda que haja tanta graça pela vida
Basta ver, procurar, inventar
A criatividade é virtude de si próprio
Se bem que mais divertida se compartilhada
Com o outro, um poema, uma foto, um sorriso
Bom dia, uma troca de olhares
Esse poço profundo do mundo
A roda do mundo não para
Fortuna, pobreza, imensidão
Ocaso e guerra, guerras fúteis
Carnificina, ignomínia, obliteração
Pra que tanta guerra, se o vento na face tão bom?
A roda da fortuna gira, estamos atrelados a ela
À tecitura do fio da vida, na máquina de tear
São tantos nós quanto pérolas
Embrutecidas conchas de um mar de intempéries
Quanto lixo jogado no mar
Mas o mundo dá voltas
A Terra gira com os outros planetas
Também os astros, em uma dança celestial
Lá fora crianças brincam com jogos de bola
E roda e ciranda, a rua da fortuna
ainda vive uma árvore

Não faz tanto tempo assim que eu parti
Mas dessa parte que se soltou
Tal qual luz do fim do universo, que me habita agora
Quanto restou?
A luz da memória, uma ficção
O coração partido, a cola do mundo
Tantos amores vêm e vão

Mas o que parte também permanece
Ainda é verão

12.2.17

Luciano Abbamonte da Silva


“aquele que veio da luz”
Cavalo da Cidade e Fênix da Selva,
espírito de gato, coração de cão

Jupiteriano,
descobriu-se água
que corre por entre todas as coisas,

filho do corvo e do gigante,

levantado da terra,
amante do fogo
e de tudo que é sagrado,

pai de poemas

Lá vai um cavaleiro andante,
coberto de poeira...

9.2.17

Radical livre


A manutenção de uma sociedade individualista se dá pela mentira
"aquele segredinho sujo"

Porque a verdade liberta

Júpiter Solar

Quando as luas são planetas
Os humores do sistema
Magníficas divindades celestiais
Fantásticos seres de poeira

A viagem pela via láctea
Do Louco ao mundo
O poder de corte

Roda da Fortuna

1000

Com pouco menos de uma década de vida, esse blog completa 1000 postagens (e contando). Pequena coleção de momentos poéticos, varal de imperfeições, é uma retrato de seu autor, mas também e sobretudo, de tudo o que lhe tocou e de todos que lhe tocaram, uma canção coletiva, “de mim mesmo”, como nas Folhas de Relva de Walt Whitman, essa epítome do poema que tanto nos inspira, como no poema Ó Viajante!, de Daisaku Ikeda, essa palavra-kanji de Mestre, como nas pedrinhas miudinhas de Luis Antônio Simas, Manoel de Barros, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, como na escrita Saturnália Astrologia de João Faxonãre Acuio, como no rio caudaloso de palavras do espírito português – e cosmopolita – de José Saramago, como na escrita erótica de Anais Nin, a civilização brasileira e latina, cantada por Jorge Amado, Darcy Ribeiro, Milton Santos, Antonio Callado, Gabriel Gárcia Marques, na escrita esquisita de Guilles Deleuze e Félix Guattari e Villém Flusser, milhares mais, o olhar de papisa da Letícia Helena Coca Santa Cruz  me mostra, essa lista está sempre em construção.

8.2.17

notícia boa


um beijo de encontro
de despedida
tempestade

um abraço porto
me agarra
saudade

de chegar em casa
pessoa querida
que te destina

o meu coração

para Liniker e os Caramelows

hábito secreto


não venha me falar de segredos
quando o que te dá mais prazer
é aquilo que te habita
Aquele

4.2.17

Fóton


é só uma foto
como qualquer outra
existe um zilhão

2.2.17

Maria Antonieta às avessas


As panelas da burguesia
são o tambor do Capeta