31.10.16

pela janela


A cabeça anuviada
Saio pra rua
Uma criança dentro de mim
acha o sol da tarde bom

22.10.16

Ame-o e entenda-o


Malditos comunistas!
Querem mexer com o dinheiro alheio,
quiçá com minhas contas suíças!

Cabrones, não passarão!
Que me importam 54 milhões?
Como se não fossemos nós os mestres da arapuca,
os donos da razão?

Se temos com nosoutros bons companheiros
consagrados moroalistas
de pequeno burguês uma boa rapa
e a rede bobo de televisão!

Comunistinhas de merda!
A começar por aquele velho Prestes,
E aquela pohha loka do Marighella!

Se, desde muito antes dessa história toda,
nossos tataravós já picavam trilha,
batiam estaca
e levantavam as cercanias dessa terra.

Dizem que é dinheiro público,
e não de consagrados trustes
e sofisticados cartéis,
centenárias tocaias e embustes.

Afinal, o que é público,
de todos, é de ninguém.
Porque aqui é o país do negócio
e aqui cidadania não tem vez.

AME-O OU DEIXE-O
VAI PRA CUBA!

Escafandristas


a natureza torna tudo útil
todo lixo, toda sucata
até um navio no fundo do mar
vira esconderijo de peixinho
casa de coral
o desejo dos mergulhadores

do passado
explodem de fora pra dentro
pressão atmosférica imensa
potência, do fundo do oceano

do futuro, astronautas
explodem de dentro pra fora
um gesto simples
mas inesperadamente sofisticado

fogos de artifício
tornar-se

A transição do Tempo


O vento balança a copa da árvores
Pêndulo lúdico e poético
o galho sustenta o balanço da criança

O canto dos pássaros
Barulho das máquinas
O som ao redor de tudo,
ruído urbano

dentro de mim uma grande quietude
Já sei que vai vir tempestade
Como as coisas chegaram a esse ponto?
Não te recordarás
mas sente que te abraças e te enlaças o vento
e a confiança em tudo
trançado fio da vida
por entre as folhas
A construção e o Caos
Desinteressam

Pois árvores dançam ao sabor do vento